GERAÇÃO DE MARÇO
(Quase um hino)
Nós somos a geração de março
trazemos vendas nos passos
e fechaduras solitárias nos olhos
Nós somos a geração de agora
Não sabemos o dia em que estamos
a mercê de nossa demora
Nós somos a geração híbrida
(de laboratório)
Vivemos nos corredores
entre horários afiados
e o descanso das sepulturas
Nós somos a geração estúpida
Ficamos sempre em dívida
com a nossa dúvida
e não contestamos
Brigamos nas mesas dos bares
as boas notas tiradas
nas aulas de covardia
Nós somos a geração sem voz
Sem olhos
e sem história
Somos cordeiros dopados
Somos o consenso do medo
Somos o corte do grito
Somos o som do arbítrio
Somos o quadro-frio do "NÃO"
A gravidez prolongada
da exceção
Somos sócios da indiferença
Somos a chave da violência
Somos as peças dos tecnocratas
Somos as cordas da repressão
A partilha hereditária
da corrupção
Nós soms fabricados em série
nas escolas e universidades
e vendidos no mercado
ao preço da usura
Somos sim funcionários da tortura
frutos do absurdo
que são todas as ditaduras
Nós somos uma geração de culpados
e ainda seremos culpados
pela próxima geração
se consentirmos ser
enquanto trocam os termos
que a liberdade nunca ditou
se consentirmos estar
ao lado do corpo abatido
naturalmente
como o corpo abatido
Somos culpados em máxima culpa
porque maximizamos as desculpas
e minimizamos fazer!
Nós somos a geração castrada
comemos "pão-com-cocada"
"rotidoguicumustarda"
fumamos a "palha da braba"
cheiramos o "pó das estradas"
nas reuniões marrr giiii naaaaiiiisssss...
Nós somos a raiz do mal
o radical doente
mas
apesar em nós
essa loucura
somos de repente
A CURA!
A CURA!
A CURA!
(oxénte!)
Geraldo Maia
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