Sol sin límite
Era una tarde de espera
Y el mirar de la poesía
emergía del silencio
con su sol sin límite
Había un bouquet de relojes
rumiados
Celulares castos
fingían gentilezas
tras anteojos oscuros
El tedio litúrgico de la antesala
ansiaba desnudos
Luego la conspiración de las
letras en torno de
palabras fantasmas
desviaba el vacío
Sólo estabas tú
Poesía
Con tu cabello de abismo
Con tu sonrisa de lava
derramada inocente sobre
la soledad de la mesa
Y tu belleza permite
una única lectura: ¡linda!
Tan linda que sólo hay una salida:
Amarte tanto
¡Cuánto llegas a mi
corazón
poesía vida!
GERAÇÃO DE MARÇO
(Quase um hino)
Nós somos a geração de março
trazemos vendas nos passos
e fechaduras solitárias nos olhos
Nós somos a geração de agora
Não sabemos o dia em que estamos
a mercê de nossa demora
Nós somos a geração híbrida
(de laboratório)
Vivemos nos corredores
entre horários afiados
e o descanso das sepulturas
Nós somos a geração estúpida
Ficamos sempre em dívida
com a nossa dúvida
e não contestamos
Brigamos nas mesas dos bares
as boas notas tiradas
nas aulas de covardia
Nós somos a geração sem voz
Sem olhos
e sem história
Somos cordeiros dopados
Somos o consenso do medo
Somos o corte do grito
Somos o som do arbítrio
Somos o quadro-frio do "NÃO"
A gravidez prolongada
da exceção
Somos sócios da indiferença
Somos a chave da violência
Somos as peças dos tecnocratas
Somos as cordas da repressão
A partilha hereditária
da corrupção
Nós soms fabricados em série
nas escolas e universidades
e vendidos no mercado
ao preço da usura
Somos sim funcionários da tortura
frutos do absurdo
que são todas as ditaduras
Nós somos uma geração de culpados
e ainda seremos culpados
pela próxima geração
se consentirmos ser
enquanto trocam os termos
que a liberdade nunca ditou
se consentirmos estar
ao lado do corpo abatido
naturalmente
como o corpo abatido
Somos culpados em máxima culpa
porque maximizamos as desculpas
e minimizamos fazer!
Nós somos a geração castrada
comemos "pão-com-cocada"
"rotidoguicumustarda"
fumamos a "palha da braba"
cheiramos o "pó das estradas"
nas reuniões marrr giiii naaaaiiiisssss...
Nós somos a raiz do mal
o radical doente
mas
apesar em nós
essa loucura
somos de repente
A CURA!
A CURA!
A CURA!
(oxénte!)
Geraldo Maia
(Rio de Janeiro, PUC, 1978)
Generación de marzo
(Casi un himno)
Somos la generación de marzo
traemos vendas en los pasos
y cerraduras solitarias en los ojos
Somos la generación de ahora
No sabemos el día en que estamos
a merced de nuestra demora
Somos la generación híbrida
(de laboratorio)
Vivimos en los corredores
entre horarios afilados
y el descanso de las tumbas
Somos la generación estúpida
Quedamos siempre en deuda
con nuestra duda
y no respondemos
En las mesas de los bares objetamos
las buenas notas obtenidas
en las aulas de la cobardía
Somos la generación sin voz
Sin ojos
y sin historia
Somos corderos dopados
Somos el consenso del miedo
Somos el grito cortado
Somos el sonido del arbitrio
Somos el cuadro-frío del "NO"
La gravidez prolongada
de la excepción
Somos socios de la indiferencia
Somos la llave de la violencia
Somos las piezas de los tecnócratas
Somos las cuerdas de la represión
El reparto hereditario
de la corrupción
Somos fabricados en serie
en escuelas y universidades
y vendidos en el mercado
a precio de usura
Somos, sí, funcionarios de la tortura
frutos del absurdo
que son todas las dictaduras
Somos una generación de inculpados
y aún seremos culpados
por la próxima generación
si consentimos ser
mientras cambian los términos
que la libertad nunca dictó
si consentimos estar
al lado del cuerpo abatido
naturalmente
como un cuerpo abatido
¡Somos culpables de máxima culpa
por magnificar las disculpas
y minimizar el hacer!
Somos la generación castrada
comemos "pan-con-cocada"
"hotdogconmostaza"
fumamos "yerba de la brava"
esnifamos "polvo de barriada"
en las reuniones marrr giiii naaaaleeeesssss...
Somos la raíz del mal
lo radical doliente
pero
a pesar de llevar
esta locura
somos de repente
¡LA CURA!
¡LA CURA!
¡LA CURA!
(¡oh gente!)
Geraldo Maia
(Río de Janeiro, PUC, 1978)
FOME ZÉ
pra Miguel Carneiro
Há fome, Zé!
Há fome, Zé!
E o beijo reclama
Me lambe
Me lambe
A fome abunda
No prato afunda
Farinha de cana
Banana aérea
É fome séria
Há fome é grave
Extermínio suave
Fácil fascínio
Há séculos
De alimentar cemitérios
A fome bacana
Não leva em conta
Aquilo que come
em excesso
Há fome que brinda
Ao consumo eterno
É chique moderno
Fome de chilique
Ah, fome, Zé!
Ah, fome, Zé!
Há fome nem tanta
É um nome
Que encanta
Quando se passa
Na boca do verbo
Mas quando grassa
A esmo
Não passa
De salvo conduto
Pro inferno
Há fome Zé!
Há fome Zé!
Hambre José
para Miguel Carneiro
¡Hay hambre, José!
¡Hay hambre, José!
Y el beso reclama
Me lame
Me lame
El hambre abunda
En el plato es profunda
Harina de caña
Banana aérea
Es hambre seria
Hay hambre, es grave
Exterminio suave
Fácil encanto
Siglos
De alimentar cementerios
El hambre bacana
No considera
Aquello que come
en exceso
Hay hambre que brinda
Al consumo eterno
Es chic, moderno
Hambre de vértigo
¡Ah, hambre, José!
¡Ah, hambre, José!
Hay hambre, ni tanta
Es un nombre
Que encanta
Cuando pasa
En la boca del verbo
Pero cuando se extiende
Al azar
No pasa
De salvoconducto
Para el infierno
¡Hay hambre, José!
¡Hay hambre, José!
CANTATA PARA JÔ E SAMANTHA
(in memorian)
Reparem
Lá onde a floresta prepara
A canção do vento
Ouçam
Não é um lamento
Ou soluço
É apenas a dança do
Tempo
È a intensa luminosidade
Dos elementos
Que o silêncio ressoa
Em saudade
Nada foi perdido ou morto
Apenas a flor teceu perfume
Apenas o lume sangrou em sol
Apenas o pó em água
Fez-se em barro de alma
Cristal da noite
E foi plantada a ternura
No coração selvagem
Com as ferramentas de Deus
A vida não estancou seu brilho
Nem teve o espelho da dor
Arrancado dos lábios
Nem solucionado
o itinerário das manhãs
Apenas transformado
Em mistério
O horário da lágrima
Todas as certezas
À meio pau
Para celebrar
Que Jô e Samantha
Estarão lá
no mais esconso do verde
A proteger e cuidar
dos seus bebês
dos curumins e cunhatãs
dos nvunges e erês
sempre
Geraldo Maia
5/10/06
Cantata para Jou y Samantha
(in memoriam)
Reparen
Allá donde la floresta prepara
La canción del viento
Oigan
No es un lamento
O sollozo
Es apenas la danza del
Tiempo
Es la intensa luminosidad
De los elementos
Que el silencio modula
En saudade
Nada se perdió o murió
Apenas la flor tejió perfume
Apenas la lumbre sangró en el sol
Apenas el polvo en el agua
Se hizo barro de alma
Cristal de la noche
Y fue plantada la ternura
En el corazón salvaje
Con las herramientas de Dios
La vida no estancó su brillo
No tuvo el espejo del dolor
Arrancado de los labios
Ni solucionado
el itinerario de las mañanas
Apenas transformado
En misterio
El horario de la lágrima
Todas las certezas
A media asta
Para celebrar
Que Jou y Samantha
Estarán allá
en lo más recóndito del verde
Para proteger y cuidar
de sus bebés
de los curumins y cunhatás
de los nvunges y erés
siempre
Geraldo Maia
5/10/06
ABRA
Não tem draga
Nem cadabra
Adequada
Ao teu coração
Não tem santo
Nem quebranto
Não tem reza
Pro teu “Não”
Já li cartas
Joguei búzios
Fui aos bruxos
De plantão
Entre as Runas
E o Tarot
Procurei o teu amor
Em vão
Nem nas folhas de chá
Nem no toque de magia
Nem com alta tecnologia
Pude te acessar
Eu que sou cabra
Calibrado
Nas quebradas
Da paixão
Já quebrei muito punhal
Já bradei com maioral
Já perdi de bom grado
Já carpi por teu perdão
Experimentei cada pecado
Capital só pra fazer
Desagravo ao bem querer
Fui moleque fui soldado
Fiz de tudo por você
Pra colher o seu agrado
Rompi grade fui covarde
E rufião fiz alarde
Fiz pirraça bebi na taça
Do fel fui picado na botija
Fui jurado juntei massa
Quebrei pedra vendi livro
Aos metros pro mais letrado
Bebi do vinho sagrado
Nas casas de perdição
Tudo pude nas paradas
Do bem e mal
Só não pude
Agregrar
Ao meu
Teu coração
BATUQUE
A dança do vento
tem o som de agogô
requebra no tom
da cor de Angola
de Quêto e Jêje
que a dança enseje
a flor de Inquice
Voodoo Orixá
roda de Caboclo
na dança de Iroco
Zambi no Afoxé
ao som do Abebé
é dança de Ilê
rodante na gira
no jogo de dentro
embola no mar
na ginga Ijexá
Makota Valdina
é linda na dança
mameto na trança
transe ancestral
Divina no zelo
da dança primal
Amar Amalá
Abebê de Iá
Padê de Exú
Odoyá Odoyá
dizê do amor
de mim por você
na guia do Obi
Trama Oriki
Juntó Mutuê
Muzenza Xirê
Unguzu de Ebó
Magia de Ifá
Dan Zaze poder
no Axé de fazer
Quilombo nação
Dança de noite é lual
Dança de som carnaval
Dança de cio é tesão
De farol e escuridão
Dança de morte só nasce
no batuque infinito
dança de sol é o grito
da noite que amanhece
Maculelê ousadia
do povo negro nas ruas
É dança de almas nuas
na capoeira que afia
pro corte na escravidão
Reza no pé do atabaque
Abolição foi um truque
Dança é libertação!
Dança é libertação!
FOME DE ILHA
quando o mar tem fome de ilha
faz brotar pergaminho na enseada
é um diário com os arrecifes trancados
uma carta de nautas em delírio
foi lá no areal de ponta negra
num domingo de redes acanhadas
que aprendi o gosto do horizonte
depois que a tempestade fez sua dança
se das pedras das putas abauladas
se dos seixos dos servos absolutos
cidadão fez do mar um nó de espada
e no mar já lutou com sete sílabas
sete mulheres ficaram sem barriga
sete onças mijaram no torresmo
eu fiquei sem Maria desde cedo
desde cedo que o mar transfixia
bem na beira do olho o mar vigia
a hora de Apolônio cortar volta
no seu barco de lua e arvoredo
seu segredo ele guarda no cacoete
mais tardar urussú no joanete
mel de osso redondo sem memória
e pra acabar nos confins dessa história
peço a fala e falo do meu amor
já gosta de botar com mel cuado
e adoçar o silêncio de seus pelos
onde passo agora a demorar
no intuito de tanto desmantelo
eu martelo no prego com novelo
e o mar então solta seu gemido
debruçado na beira do destino
com a rede do amanhã desprevenida
só garante cantiga e comida
nem o beijo pra depois da oração
nesse tempo que a merda apenas bosta
quem não gosta de si não tem perdão
geraldo maia
SONETO DESOLADO
O solo de guitarra sustenido
Açoita sem cessar o suor
Do vidro rubro que ficou ferido
Nesse desafino em lá menor
O solo do grito sai distorcido
Um som agudo ríspido tecido
Nas cordas que retorcem a razão
Frases nuas eco ao coração
Tocas a guitarra em minha veia
Teu toque é como se fosse teia
De ternura a envolver meu sangue
Um caranguejo a procurar no mangue
Um escorpião com alma de lama
Uma mulher que me devora a cama
Para todas e todos que amam a PAZ e a POESIA.
Com carinho,
grato.
PÁTRIA
por que pátria v
ocê luta solda
do com tanta
fúria é a pátria
das tormentas
dos fuzilamentos
nas ruas é a pátr
ia das torturas d
e uma gente que
só sua só labuta
só labuta
nas fazendas dos
senhores nas fáb
ricas dos patrões
nas favelas invisí
veis no lixo das
manhãs mas por
que pátria por q
ue pátria você lu
ta soldado com t
anta fúria é a pát
ria dos famintos
dos loucos
dos marginais
dos negrosescrav
os ainda dos índi
osexterminados
da escravidão col
orida de raças em
extermínio de uma
gente que só supor
ta
suporta
o sofrimento e a dor
a exploração e o terror
que se acostumou morrer
na luta de todo dia
por ter algo pra comer
que tenta sobreviver
da esmola oferecida
pelos que mandam obedecer essa gente que só
sente
revolta
revolta
diante de tanta mentira dos poucos que ficam com tudo
diante do absurdo de calar pra não morrer do medo que
dá viver na repressão violenta que massacra que destrói
que prende e arrebenta executa inocentes e protege assas
sinos de mulheres e meninos de tudo o que é ser vivente
e cada mão descontente é decepada impunemente por mãos
iguais manejadas por seres que se esqueceram
que são iguais a você que é igual a
qualquer um igual a mim
igual a todos que
que vivem nessa
penúria
me diga então
soldado
por que
pátria
por
que
pátria
você luta
com tanta fúria?
geraldo maia
8219-5934
Postado em 3 junho 2009 às 15:50 ‚Äî Editar mensagem
Postado em 25 fevereiro 2009 às 21:26 ‚Äî Editar mensagem
Postado em 12 fevereiro 2009 às 14:32 ‚
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